quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Os olhos disseram muito obrigado.




Estava quente à tarde de segunda-feira do dia 16.02, tinha chovido muito pela manhã mas fora apenas chuva de verão, dentro do transporte coletivo parecia uma sauna ambulante, mas apesar de tudo isso fazíamos uma boa viagem do Plano piloto a Sobradinho, tudo indicava que teríamos um típico fim de tarde na capital federal, com o por do sol lançando tons dourado nas cores da cidade, e com muita correia dos funcionários indo para casa. Ao olhar as obras de Niemeyer Lembrava-me de meu avô que dizia orgulhosamente: - “Ajudei a construir Brasília e sua mãe nem era nascida” isso me da um relacionamento familiar e possessivo com a cidade, afinal de contas meu avô foi um dos funcionários do JK, na utópica meta “50 anos em 5”. Sentado nas últimas poltronas do ônibus, desfrutando dos benefícios da privatização, abri o meu caderno, feliz em voltar ao ambiente acadêmico-teológico, pensava nos desafios modernos de missão e evangelização propostos pelo o professor Nicanor Lopes. Não me dei conta que atrás de mim estava uma senhora, com um cadeirante tetraplégico, até que ela deu sinal para descer na próxima parada, e gentilmente ela me pediu que a ajudasse descer o seu filho. Juntamente com outros passageiros, descemos o menino, a sua mãe nos agradeceu cordialmente, peguei na mão do garoto para me despedir, observei um tímido sorriso, e os seus olhos estavam umedecidos, e sem nem uma palavra me disse: muito obrigado! Confesso que nunca vi tanto ternura e agradecimento em um olhar. Voltei para o meu lugar, e retornei o pensar sobre missão e evangelização, e cheguei à conclusão, que não importa o que dissemos ou propomos em nossos púlpitos, se não ajudarmos pobres mães a descer cadeirantes de ônibus seremos com o metal que soa ou como o sino que retine, ainda que profetizarmos e conheçamos todos os mistérios da ciência; ainda que tenhamos fé, a ponto de transportar montes, e não tivermos a sensibilidade de dar as mãos aos necessitados e despossuídos seremos apenas hipócritas logocêntricos e narcisistas que falamos em missões apenas para saciar uma igreja mimada que não entendeu a proposta do Reino de Deus.
Fui embora pensando na historia daquele garoto, quem sabe ele também não seja neto de um avô que também ajudou a construir Brasília quando a mãe dele nem era nascida? Quem sabe ele também não tenha um relacionamento familiar e possessivo com a cidade? Quem sabe ele também não questiona os métodos de fazer missões modernos? Não sei o nome dele, nem onde ele mora, mas de uma coisa tenho certeza, ele me fez mudar o meu trabalho sobre desafios modernos na evangelização, ao ajudá-lo descer do ônibus com um olhar ele me disse obrigado! agora ao terminar esse artigo quero agradece-lo por ter me tido o que é fazer missões na modernidade. “Transformamos a realidade de acordo com nossa forma de vê-la e vemos a realidade de acordo com nossa maneira de transformá-la.” (Paul Tillich)

Orando por vossas vidas.


Fanuel Santos.
Verão de 2009!

2 comentários:

  1. meu amigo fanu.....

    sou seu fã!!!!

    pelo q li vc ja é PAstor!!!

    Isso não me surpreende....ja era esperado por mim e por mtos..... e pelo q vejo isso é só o começo de mto q o Eterno tem reservado pra vc meu amigo.....vc vai longe....

    Q DEus continue te abençoando

    sempre q der virei por aki degustar um pouco de sua sabedoria

    abração

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  2. Meu Grande Amigo Bitencourt.. que o grande Deus te abençõe em grau superlativo..

    abraços

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