terça-feira, 26 de maio de 2009

Confuso tempo..


Fui visitar a casa onde passei a minha infância, estava ansioso por ver novamente os lugares da aurora de minha vida, onde a existência era embalada com afago e com açúcar. Fiquei pasmo ao ver que as casas e a vizinhança continuava iguais, como se as casas morressem meninas. Saldei a calçada que tantas vezes fiquei sentado esperando papai chegar do trabalho, cantarolando uma canção infantil, não me pergunte qual, esperava o retorno do meu velho e sua bicicleta vermelha; a calçada diz que ainda não esquecera os rabiscos que meus irmãos e eu fizera, também lhe digo que não esquecemos quando ela e os pingos de chuva mancomunados nos passavam rasteiras, ela sorri e me diz Você Cresceu Fan!, olho para o mesmo lugar onde meu pai apontava todas as tardes, não o vejo mais, abro a porta e entro agora melancolicamente casa adentro.

No quarto meu e dos meus irmãos, a voz de mamãe ainda ecoava nos ensinado os primeiros versículos da Bíblia. ‘Samuel não deixe Fan e Natan brigarem esses dois meninos, não podem ficar juntos’ são advertências dela ao meu irmão mais velho, estou em pé na porta, mamãe passa por mim e não me vê, ela estava linda usava lenço no cabelo; paro um pouco ouço as gostosas gargalhadas do natanzinho, fecho a porta, deixo as crianças em paz e prossigo em minha gostosa nostalgia. Em cada canto da casa mesmo que de forma difusa, sinto sabores antigos ouço confissões do silêncio, diálogos que se perderam no espaço ressurgem, tornam-se audíveis, rostos amigos sorriem par mim, ouço os cânticos do meu pai com o seu antigo violão alegrando nossas vidas.

No quintal tento ser criança novamente, esboço uma corrida, quero voltar no tempo, fecho os olhos tento uma regressão, o tempo zomba de mim, e grita aos meus ouvidos que é tarde mais, é vacuidade! O pé de abacate e a mangueira sussurraram baixinho: ‘Você cresceu Fan! não somos mais, suas naves espaciais' pergunto ao meu irmão se ele ouvira também o segredar das arvores, ele diz que não, mas assevera que ouvira nitidamente eu dizer: Você cresceu Fan. O quintal parecia menor, as arvores estavam mais gastas, mas insistiam em mostrar vivacidade diante da nossa presença, e com o balançar de suas folhas afirmam: Você cresceu Fan. Um passáro metido a filosófo me pergunta se eu já ouvira falar de Heráclito (540-480 a.C), e pausadamente me diz: Tudo esta em movimento Fan, tudo flui, "naõ podemos entrar duas vezes no mesmo rio", pois quando entramos pela segunda vez, tanto nós, quanto o rio já estão mudados" e termina, me dizendo que não sou mais o mesmo..

De volta a minha atual casa, ainda inquieto, procuro brinquedos que me devolvam por alguns instantes aquele bom tempo, quero algo que sirva como maquina do tempo, que me arremesse a minha infância, inquiro aos meus pais sobre antigos carrinhos, bonecos dos Pawer Rangers; eles dizem com ar de surpresa: Seus brinquedos não existem mais, afinal de contas Você cresceu Fan.! Meu pai, pareçe ler meus pensamentos, e recita nostalgicamente o verço 12 do Salmo 90 " Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio'

O tempo passa, a vida é breve, e somos levados como grãos de areias ao sabor dos ventos, o tempo corre em uma velocidade que não podemos mensurar simplesmente por dias meses e anos, hora, minutos e segundos, que o regremos ou esbanjemos o tempo zomba de nós..' Sois apenas, como neblina que aparece por instantes e logo se dissipa' (Tiago.4.14) Então aprendamos a contar os dias, a driblar o tempo, para que tenhamos um sábio coração. “O essencial não é fazer muito no menor prazo, é fazer muito cousa aprazível e útil” (Machado de Assís)

Orando por suas vidas, hoje menos neblina do que ontém.
Fanuel Santos...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Ensaios sobre religião e globalização.


O Padre João Batista Libanio no seu texto globalização e o impacto sobre a Fé guisa de introdução elucida-nos sobre a origem da globalização que apesar da efervescência do momento, a realidade é bem antiga, remonta á razão universal grega, a transcendência da palavra de Deus pronunciada pelos profetas, que sendo palavra de Deus tinha que ter um cunho universal, o ímpeto conquistador dos romanos com mentalidades jurídicas. Apesar de muitos historiadores atribuam a outros fatores, a consciência de expansão, firmou-se, sobretudo no ocidente onde o Cristianismo lançara as suas bases, a exemplo disso o monarca português D. João III escrevendo a Tomé de Souza, diz que a razão de colonizar o Brasil fora mormente para evangelizar os nativos.

A globalização atual com múltiplas significações traz em seu bojo a simultaneidade de informações, os indivíduos encontram-se virtualmente unidos, com isso gerando uma consciência global, o relativismo e o nivelamento das crenças religiosas também entram em pauta na discussão. O heterogêneo e o diverso contrapõem-se ao monolítico e ao homogêneo; o concreto, específico e particular ao abstrato, geral e universal. Religiosamente o sujeito moderno, cercado por vários credos religiosos, passa a pensar a fé como algo ‘utilitário’, não se discute verdade ou que é certo, mas o que da certo; e há uma enorme migração religiosa, como alguns jocosamente chamam ‘supermercado’ da fé.

Diante dessas vertiginosas mudanças, a Igreja é desafiada a se posicionar, e repensar a sua maneira de ser Igreja, desenvolvendo práticas evangelizadoras não excludentes; e embasada na palavra de Deus, não negar a tradição, e nem ficar engessada a rigidez ortodoxa, ou se enclausurando dentro de si mesma e tapando olhos e ouvidos a realidade dos fatos. A máxima de Wesley “O mundo é a minha paróquia” elucida a maneira correta da igreja olhar para o mundo, e a desenvolver práticas coerentes de evangelização, sem abraçar uma piedade introvertida e intimista, deixando de lado santidade sem sanidade.

Se somos párocos do mundo, logo temos o inalienável dever e amá-lo, e não cedermos ao individualismo globalizante que faz da peculiaridade dos individuo, com nomes, historias, apenas mais uma peça da engrenagem social. Diante do pluralismo, e do sincretismo pós-moderno, o diálogo inter-religioso é conditio sine qua non para darmos respostas satisfatórias a homogeneizante e nivelante cultura globalizada.

As relações virtuais, não podem deixar de serem levadas em conta na pauta de evangelização das igrejas, a cada dia novos usuários entram na grande rede; e muitos deles havidos por respostas as suas inquietações, todavia o virtual não pode ser em detrimento ao real, as práticas eclesiais como os sacramentos exigem um contato e calor humano.

E por ultimo, para alcançarmos êxito na evangelização em um mundo globalizado precisamos ouvir a inoxidável mensagem de Jhon Wesley falando-nos sobre o inabdicável dever sermos ‘empoderado’ pelo Espírito Santo (Pneuma Hagios) para prática pessoal de boas obras de santidade em amor para todas as pessoas, mas principalmente aos pobres que são vitimas dos inescrupulosos mercadores neoliberais, com uma mensagem que fale ao coração do brasileiro, evidenciando o nosso amor ao mundo como nossa paróquia, quer sejamos leigos ou clérigos, isso colocara em sintonia com os corações inquietos da sociedade moderna. Como já dizia P. Antônio Vieira no sermão da sexagésima (Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras.


...E o tempo se rói Com inveja de mim Me vigia querendo aprender Como eu morro de amor Prá tentar reviver.... (Nana Cayme)

Fanuel SAntos

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A relevância da teologia wesleyna para igreja brasielira..

Introdução.

Inglaterra início do século XVIII, o contexto era de intensas crises sociais, infantes em idade escolar eram desumanamente explorados nas minas de carvão, os operários chegavam a trabalhar 16 horas por dia pelo um mísero salário; os pobres ficavam mais pobres, e sendo assolados por chagas e frio. Nesse contexto surge Jhon Wesley, fundador do metodismo, pregando um evangelho mais humanizante, resgatando o principio da Imago Dei no humano, visitando enfermos, e presídios, enfatizando a necessidade de santificação. Teologicamente Wesley esta Situado, nos contextos da teologia anglicana da ‘via média, do puritanismo inglês, outrossim, do pietismo alemão-moravo, os quais tiveram significativa importância nas suas concepções teológicas. O avivamento metodista é de matriz arminiana, mesmo estando em um contexto calvinista, Wesley pregava a universalidade da graça de Deus. A Teologia Arminiana divergiu do calvinismo, argumentando que os benefícios da graça são oferecidos a todos, em oposição ao princípio calvinista da condenação predestinada, o que levou Wesley a ter divergências com os calvinistas extremados.
Jhon Wesley não escrevera nenhum tomo de teologia sistemática, é qualificado como um teólogo prático, por teologia prática em Wesley entende-se a dialética entre teoria e práticas teológicas, não é a teologia referente as práticas pastorais.
A Igreja evangélica brasileira fora influenciada profundamente pela teologia wesleyana, principalmente no que diz respeito ao arminianismo, mesmo que de forma inconsciente, muitas igrejas professam premissas da teologia wesleyana, dentre elas podemos citar o movimento pentecostal moderno que na sua teologia tem em Wesley algumas referências.
Listarei agora princípios relevantes da teologia wesleyana que precisam ser resgatados pela igreja cristã brasileira.

Wesley e as questões sociais


As comunidades cristãs nacionais na modernidade liquida encontram-se em uma profunda crise de identidade, predominando o império dos extremos, e uma visível dicotomia entre teoria e prática, o neoliberalismo econômico tem sido o paradigma de formatação do pensamento teológico de certas igrejas cristãs; com discursos que demonizam os pobres, em vez de estender as mãos, com a máxima “Penso Logo consumo”. No sermão 116 Wesley faz-nos cônscios da responsabilidade que temos em ajudar os pobres, pois o cristão que angariam reservas sem compartilhar estar irremediavelmente fadado ao orgulho, correndo o risco de perder a salvação. Sem dúvida essa premissa Wesleyna é conditio sine qua non, para experiênciarmos uma fé oniabrangente, e envolvida com alteridade. O metodismo desde os seus primevos sempre pregara, o envolvimentos dos cristãos em questões sociais, como luta pela abolição em sua sociedade escravagista, melhoria nos presídios, e o direito de educação as crianças. A exemplo de Wesley devemos entender que a fé cristã não é apenas contemplação, não é viver uma santidade em uma bolha ascética desconectado de tudo e de todos, mas antes de tudo ter uma mensagem contextualizada a necessidade do ser humano, é ter uma fé Samaritana, que disponibiliza tempo para curar as feridas dos outros

Sobre os extremos. Unidade, Liberdade e Caridade

A polarização tem predominado a igreja brasileira nos últimos tempos, cristãos iguais em muitos aspectos doutrinários, divergindo apenas por questões temperamentais, colocam-se em verdadeiras lutas reivindicando a legitimidade de igreja verdadeira, blasonado das tribunas eclesiásticas toda sorte de maldições contra as demais comunidades cristãs. Por outra lado temos alguns que enfatizam a fé em detrimento as obras, e outros as obras em detrimento a fé, questões que também fora enfrentada por Jhon Wesley no século XVIII Como teólogo da via média anglicana, isto é concomitantemente católico e reformado, Wesley tinha verdadeiro pavor as posições extremistas, o que dificilmente seria entendido pelos cristãos Tupiniquim que convivem harmoniosamente com a desunião extremista. Wesley era contra o hiper-calvinismo que facilmente caiam no “antinomianismo”, de igual modo ao extremo zelo dos irmãos morávos nas obras, que em certo ponto pareciam reivindicar auto-justificação. Wesley enfatizava que iniciativa graciosa de Deus na experiência da salvação e santificação não comportava atitudes antinomianas e quietistas. Saber lidar com as diferenças, e buscar o equilíbrio cristão, indubitavelmente é um grande legado da teologia de Wesley para igreja nacional. “Não se pode fazer coisa melhor do que mencionar o famoso epigrama atribuído a um certo Rupert Meldenius e citado por Richard Baxter. Em coisas essenciais, unidade; nas não-essenciais, liberdade; em todas as coisas, caridade.” (Jhon Stott)

Inteligibilidade wesleyna.

Wesley conseguia trasmitir assuntos complexos em linguagem inteligível ao menos dotados de acuidade intelectual, sendo portanto alcunhado de teologo prático, sem com isso deixar de ser acadêmico; o avivalista escrevia os seus sermões da maneira que ele se dirgia ao povo, discorria sobre as grandes doutrinas da fé cristã de maneira clara, que podia ser apreciado tanto pelos trabalhadores das minas de carvão, quanto para um acadêmcio de Oxford, para aquele ele era inteligivél, para esse era exato. O problema da igreja nacional, não é a falta de inteligibilidade, mas a falta de conteúdo na inteligiblidade, temos o mórbido paradigma de pensar, que sermão substancial têm que vir carregado de teologuês, sendo prerrogativa dos acadêmicos; por outro lado na tentativa em servos claros, somos ralos de conteúdo. Wesley conciliou esses dois principios, que não se excluem, não se aniquilam, mas devem andar de mãos dadas para o crescimento e apontamento do Reino. como nos faz côncios Outler: “O gênio da teologia e prática pastoral de Wesley era sua habilidade de traduzir, sintetizar e comunicar as discussões teológicas complexas em linguagem acessível aos leigos”

Pequenos Grupos. “Ecclesiola in ecclesia”

A exemplo dos pietistas, Wesley também preconizava a formação de pequenos grupos para crescimento e fortalecimento da igreja “ecclesiola in ecclesia”, o que ele denominava de classe. As classes metodistas não eram um fim em sim mesmo, tinha como metas a prática da piedade e misericórdia, e acima de tudo como meio de graça enfatizando a co-responsabilidade uns perantes os outros, sob a supervisão espiritual de um líder. O sistema de pequenos grupos viabiliza o mútuo pastoreamento dos cristãos, e insere e valoriza a participação individual. O principio dos pequenos grupos, de diferentes modos, tem sido usado por muitas comunidades cristãs no Brasil.

Conclusão.

A teologia wesleyana, influenciou e pode continuar a influenciar a igreja brasileira, que hoje mais do nunca precisa repensar os seus paradigmas eclesiológicos. O legado de Wesley conclama-nos a estamos sempre antenados as situações que nos cercam. O desafio moderno da igreja é justamente esse, fazer uma teologia que esteja embasada nas cousas e causas divinas, sem perder a dimensão da realidade, uma teologia que ponha as mãos na massa, se envolva com as massas, pessoas que se encontram marginalizadas nas grandes cidades, sendo exploradas por um sistema financeiro sem coração. Levar as igrejas para as ruas, professar que a nossa paróquia é o mundo, e mais que professar esses princípios vive-los integralmente, pode até ser que seja uma utopia, diante das tiranias pós-modernas, então seja ela uma utopia militante e não utópica.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Panegírico a Ausência



"Em uma fria e melancólica manhã de outono, o chá esfria rapidamente,a fumaça sobe calma ensaindo passos dignos do 'boychoir' , sou tocado pela sensação que apesar de estamos distante, de não ver o seu rosto, de ter ficado pouco tempo ao seu lado, posso dizer que eu te amo, não apenas pelo que és não apenas pelo que o sou, mas acima de tudo pelo o que somos, e na certeza que seremos felizes. A ausência tachada por muitos como a vilã dos relacionamentos perfeitos, a musa de silhuetas intangivéis que vive da insônia dos amantes,me demostrara nessa manhã que não é apenas um estado ou uma circunstância de não estar presente, ela também tem a capacidade de tornar as pessoas mágicas, de fazer com que seres humanos imperfeitos, por instantes tornem-se cândidos, e no silêncio quase religioso relaçado pela fumaça do chá , ela me sussura o seu nome.... portanto vivamos a ausência, vivamo-na toda, porque ela é o 'Pleroma' (Plenitude)de estar apaixonado"

Fanuel & Dhenny..