terça-feira, 19 de maio de 2009

Ensaios sobre religião e globalização.


O Padre João Batista Libanio no seu texto globalização e o impacto sobre a Fé guisa de introdução elucida-nos sobre a origem da globalização que apesar da efervescência do momento, a realidade é bem antiga, remonta á razão universal grega, a transcendência da palavra de Deus pronunciada pelos profetas, que sendo palavra de Deus tinha que ter um cunho universal, o ímpeto conquistador dos romanos com mentalidades jurídicas. Apesar de muitos historiadores atribuam a outros fatores, a consciência de expansão, firmou-se, sobretudo no ocidente onde o Cristianismo lançara as suas bases, a exemplo disso o monarca português D. João III escrevendo a Tomé de Souza, diz que a razão de colonizar o Brasil fora mormente para evangelizar os nativos.

A globalização atual com múltiplas significações traz em seu bojo a simultaneidade de informações, os indivíduos encontram-se virtualmente unidos, com isso gerando uma consciência global, o relativismo e o nivelamento das crenças religiosas também entram em pauta na discussão. O heterogêneo e o diverso contrapõem-se ao monolítico e ao homogêneo; o concreto, específico e particular ao abstrato, geral e universal. Religiosamente o sujeito moderno, cercado por vários credos religiosos, passa a pensar a fé como algo ‘utilitário’, não se discute verdade ou que é certo, mas o que da certo; e há uma enorme migração religiosa, como alguns jocosamente chamam ‘supermercado’ da fé.

Diante dessas vertiginosas mudanças, a Igreja é desafiada a se posicionar, e repensar a sua maneira de ser Igreja, desenvolvendo práticas evangelizadoras não excludentes; e embasada na palavra de Deus, não negar a tradição, e nem ficar engessada a rigidez ortodoxa, ou se enclausurando dentro de si mesma e tapando olhos e ouvidos a realidade dos fatos. A máxima de Wesley “O mundo é a minha paróquia” elucida a maneira correta da igreja olhar para o mundo, e a desenvolver práticas coerentes de evangelização, sem abraçar uma piedade introvertida e intimista, deixando de lado santidade sem sanidade.

Se somos párocos do mundo, logo temos o inalienável dever e amá-lo, e não cedermos ao individualismo globalizante que faz da peculiaridade dos individuo, com nomes, historias, apenas mais uma peça da engrenagem social. Diante do pluralismo, e do sincretismo pós-moderno, o diálogo inter-religioso é conditio sine qua non para darmos respostas satisfatórias a homogeneizante e nivelante cultura globalizada.

As relações virtuais, não podem deixar de serem levadas em conta na pauta de evangelização das igrejas, a cada dia novos usuários entram na grande rede; e muitos deles havidos por respostas as suas inquietações, todavia o virtual não pode ser em detrimento ao real, as práticas eclesiais como os sacramentos exigem um contato e calor humano.

E por ultimo, para alcançarmos êxito na evangelização em um mundo globalizado precisamos ouvir a inoxidável mensagem de Jhon Wesley falando-nos sobre o inabdicável dever sermos ‘empoderado’ pelo Espírito Santo (Pneuma Hagios) para prática pessoal de boas obras de santidade em amor para todas as pessoas, mas principalmente aos pobres que são vitimas dos inescrupulosos mercadores neoliberais, com uma mensagem que fale ao coração do brasileiro, evidenciando o nosso amor ao mundo como nossa paróquia, quer sejamos leigos ou clérigos, isso colocara em sintonia com os corações inquietos da sociedade moderna. Como já dizia P. Antônio Vieira no sermão da sexagésima (Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras.


...E o tempo se rói Com inveja de mim Me vigia querendo aprender Como eu morro de amor Prá tentar reviver.... (Nana Cayme)

Fanuel SAntos

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