sexta-feira, 18 de junho de 2010

Estado mínimo e Educação

Introdução.

Refletir sobre a educação brasileira é uma tarefa hercúlea, seja pela dimensão territorial, seja pela heterogeneidade da nossa nação; adicionam-se a isso o fator complexidade e teremos o quadro real do quão difícil é falar de educação Tupiniquim. Mais certo é que todos têm o inalienável direito de expor suas opiniões, ou pegando a deixa da copa do mundo o seu palpite sobre esse polissêmico assunto, obviamente não com pretensões de exaurir o tema. Nesse artigo discuto de forma resumida o conúbio incestuoso do Estado mínimo e o neoliberalismo e suas relações com a educação.

I

Em termos simples podemos definir Estado mínimo como diminuição da influência estatal em alguns setores da sociedade. Signatários do Estado mínimo propugnam o afastamento do Estado para assim fomentarem a competição entre indivíduos, ao Estado fica relegado a (ínfima?) função de suprir os cidadãos com serviços de policiamento, forças armadas, poderes executivo, legislativo e judiciário etc. Todavia como irmãos xifópagos o estado mínimo não pode ser abordado sem o neoliberalismo econômico, que consiste em transformar tudo em mercadoria, ou seja:

O neoliberalismo o reforça, mercantilizando serviços essenciais, como os sistemas de saúde e educação, fornecimento de água e energia, sem poupar os bens simbólicos - a cultura é reduzida a mero entretenimento; a arte passa a valer, não pelo valor estético da obra, mas pela fama do artista; a religião pulverizada em modismos; as singularidades étnicas encaradas como folclore; o controle da dieta alimentar; a manipulação de desejos inconfessáveis; as relações afetivas condicionadas pela glamorização das formas; a busca do elixir da eterna juventude e da imortalidade através de sofisticados recursos tecnocientíficos que prometem saúde perene e beleza exuberante. (Frei Beto. Palestra proferida aos graduandos de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo. 2007)

A educação superior brasileira não ficou imune aos ditames do neoliberalismo, passou ser concebida não mais como um direito público, do qual todos os cidadãos podem usufruir, mais sim como mercadoria que alguns privilegiados podem comprar. Com a desregularização do mercado multiplica-se de forma célere o número de IES privadas vendendo suas mercadorias de formas mais atrativas possíveis. Com isso vemos a massificação de diplomas universitários, e a desvalorização desses mesmos diplomas, desencadeando uma busca frenética por títulos de mestrado e doutorado.