segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sobre pastores e lobos


Pastores e lobos tem algo em comum: ambos se interessam e gostam de ovelhas, e vivem perto delas. Assim, muitas vezes, pastores e lobos nos deixam confusos para saber quem é quem. No entanto, não é difícil distinguir entre
um e outro. Veja:


Pastores buscam o bem das ovelhas, lobos buscam os bens das ovelhas.


Pastores vivem à sombra da cruz, lobos vivem à sombra de holofotes.


Pastores têm fraquezas, lobos são poderosos.


Pastores são ensináveis, lobos são donos da verdade.


Pastores têm amigos, lobos têm admiradores.


Pastores vivem de salários, lobos enriquecem.


Pastores
vivem para suas ovelhas, lobos se abastecem das ovelhas.


Pastores apontam para Cristo, lobos apontam para si mesmos e para a igreja deles.


Pastores
são pessoas humanas reais, lobos são personagens religiosos caricatos.


Pastores
ajudam as ovelhas a se tornarem adultas, lobos perpetuam a infantilização das ovelhas.


Pastores são simples e comuns, lobos são vaidosos e especiais.


Pastores se deixam conhecer, lobos se distanciam e ninguém chega perto.


Pastores
alimentam as ovelhas, lobos se alimentam das ovelhas.


Pastores lidam com a complexidade da vida sem respostas prontas, lobos lidam com técnicas pragmáticas com jargão religioso.


Pastores
vivem uma fé encarnada, lobos vivem uma fé espiritualizada.


Pastores se comprometem com o projeto do Reino, lobos têm projetos pessoais.


Pastores são transparentes, lobos têm agendas secretas.


Pastores dirigem igrejas-comunidades, lobos dirigem igrejas-empresas.


Pastores pastoreiam as ovelhas, lobos seduzem as ovelhas.


Pastores buscam a discrição, lobos se autopromovem.


Pastores se interessam pelo crescimento das ovelhas, lobos se interessam pelo crescimento das ofertas.


Pastores ajudam as ovelhas a seguir livremente a Cristo, lobos geram ovelhas dependentes e seguidoras deles.


Pastores constroem vínculos de amizade, lobos aprisionam em vínculos de dependência.

sábado, 25 de junho de 2011

A sacralidade do lúdico.


Seu nome é Maria Eduarda Santos, chamada pelos amigos e familiares carinhosamente de Duda; ela tem cinco anos. Seus pais freqüentam uma igreja da Assembléia de Deus na cidade de Manaus. Como qualquer criança dessa idade é tagarela e tem uma capacidade enorme de perder a concentração nas respostas. Perguntei a ela quem era Deus, ela responde que Deus era o papai do céu. Tudo bem! Perguntei quem foi que disse para ela que papai do céu existia. Duda diz que foi a sua mamãe e o seu papai que disseram para ela. –“Você quer que eu cante a musica do papai do céu?” disse ela com um sorriso no rosto. Respondo:- Sim! Ela canta uma musica aprendida na escola dominical. Duda, diz que papai do céu não gosta de menina mal criada, e nem de menina que assiste desenho de “bicho feio”. Como é o papai do céu Duda?

– Papai do céu é bonzinho, ele gosta de mim, ele também gosta da Alice. (irmã). Pergunto a Duda onde é a casa do papai do céu, ela me diz que ele mora no céu, um lugar muito bonito. Pergunto como é a figura de Deus, ou com ele se parece. Ela diz que é um homem gigante de tez clara, com roupas bem brancas sentando em uma cadeira de ouro que parece com um sabonete, bem lisinho. Não contive as risadas ao ouvir minha nobre entrevistada descrever a “cadeira” de Deus como um sabonete bem lizinho.

O fantástico de tudo isso, é que mesmo pequena Duda já consegue conceber o transcendente, ela me diz que um dia ela ira morar com o papai do céu. Pelo que pude notar a figura de Deus no pequeno mundo de Duda é antropomórfica e antropopática; Deus tem sentimentos, e se entristece com os erros dos humanos e fica com raiva de meninos peraltas.