quarta-feira, 17 de junho de 2009

Pistas para um ministério da Esperança, e um pouco de Jurger Moltmann.

[o homem] em forma originária vive voltado
unicamente para o futuro; o passado chega somente
mais tarde, e quanto ao presente propriamente dito,
pode-se dizer que ainda não chegou.

Ernst Bloch, “O Princípio Esperança”

Desde a descoberta do modelo heliocêntrico de Nicolau Copérnico, a concepção do homem pela sociedade vem sofrendo constantes degradações ao longo dos anos chegamos aos contraditórios dias da pós-modernidade onde o humano é visto apenas com as lentes comerciais, ou como diria Rubén Alves: “Agora alguém vale o quanto ganha, enquanto ganha”. Como subproduto dessas degradações, o desespero tem avassalado todos de um modo geral. A globalização ao mesmo tempo que rompe fronteiras e preconceitos, cria outras fronteiras e preconceitos ainda maiores; tornando o homem duas vezes mais filho do ‘inferno’. Desespero! Essa tem sido a ordem do dia, e é nesse contexto que desenvolvemos o ministério pastoral, que traz em seu bojo o cálice da esperança.

O ministério pastoral é visceralmente semear esperança onde o caos parece irreversível, seguindo os exemplos deixados pelo CRISTO que vivera em um contexto de opressão social, mas não se omitiu em sua antecipação do Reino de Deus (Basiléa tou teou), o clérigo cristão tem essa idêntica responsabilidade, logo, falar de uma pastoral cristã que promove esperança é entregar-se a tautologia, pois se não promove esperança não é uma pastoral nos moldes bíblicos. Exercer o pastorado no desespero moderno, é antecipar e falar de um futuro que ainda não existe, promovendo esperança aos corações angustiados, desenhando um novo tempo.

Ao falarmos em Esperança é impossível não pensarmos no Teólogo Alemão Junger Moltmann um dos gestores da chamada Teologia da esperança. Vivendo em um contexto dilacerado pela segunda guerra mundial, onde o sonho do iluminismo de uma humanidade madura e emancipada tinha ruído; Moltmann repensa a esperança como base de sua teologia e para isso abre um diálogo, ou repensa O Logos do Escaton, ele traz a escatologia para o presente, pois não é possível existir Logus do futuro.

As concepções teológicas de Moltman tira a escatologia da condição de apêndice na dogmática cristã, e insere no cotidiano do fiel, eivando a vida de esperança. O ministério pastoral moderno deve resgatar esse principio, deve tornar o futuro contemporâneo do presente, servindo o antepasto (entrada) do Reino de Deus para sociedade. A teologia no ministério pastoral, não pode ser meramente especulativa e futurista, o pastor tem que inserir a igreja em uma luta constante na promoção do Reino de Deus, e não apenas embrenhar-se em conceitos ontológicos e elucubrações distantes do dia do fiel.

O pastor não deve se conformar com a marginalidade da igreja, não deve se contentar com migalhas de relevância em uma sociedade sem coração. O nosso país é subjugado pelos inescrupulosos ditames do capitalismo, a nossa gente ordeira esta desesperada e tenta refugiar-se em todos os mecanismos que possam aliviar ainda que temporariamente suas dores. Todos esses fatores deveriam ser catalisadores para igreja fazer a sinalização e tornar real a amorosa graça de Deus. Pois acreditamos que O mundo ainda não está acabado, nem pronto, mas somente deve ser entendido como algo que está em processo histórico. É, portanto, um mundo do possível, em que se pode estar a serviço da futura verdade, da justiça e da paz prometida.” (Jürgem Moltmann)




Fanuel santos...

PS. Orando por vossas vidas.