quinta-feira, 4 de dezembro de 2008



Eu Quero ser Protestante. (Parte I)

A vida humana sem o conhecimento histórico é muito mais que uma mera ignorância; é uma infância perpetua, é apalpar um gato preto na escuridão. Historia é educação e libertação. Por não sabermos quem realmente somos historicamente não reivindicamos o nosso “quinhão de Luz”, e ficamos a mercê de pessoas inescrupulosas que confundem (?) espiritualidade com ignorância, obediência com alienação. O que passo a escrever agora, faço com cuidado devido os meus poucos anos de experiência e quando as minhas palavras parecerem um acerto de conta, perdoe-me! Escrevo como um militante da denominação e não como um egresso que deseja mostrar as fragilidades do credo professo outrora.
Era uma bela manhã de Domingo, o sol brilhava como que nos convidando a irmos a “Assembléia e louvarmos ao nosso bom Deus redentor”. Após um momento devocional nos dirigimos para as nossas respectivas classes. Estudávamos sobre Eclesiologia, o professor nos elucidava sobre a “supremacia” assembleiana em relação às demais igrejas e eu me sentia “assembleianisticamente” bem, aquilo inflava o meu ego de filho de Pastor. (pastor de congregação).
Uma jovem estudante chocada com as declarações do professor, pergunta a ele sobre as demais confissões de fé protestantantes, e o que havia de errado com elas? O professor irado, na sua concepção cheio do Espirito Santo lhe fala que “eles” haviam se apostatado da fé que uma vez fora entregue aos Santos. “Martinho Lutero era Padre” e que não era batizado com Espirito Santo, e que era inadmissível pensarmos em tais pessoas como salvos. A garota se calou concordando com o professor, mas em mim uma pergunta ecoou o que é a Assembléia de Deus? Somos anti-católicos, e para meu professor não temos relação com a reforma protestante do Século XVI.
O que presenciei naquela manhã, é apenas a ponta de um Iceberg chamado jactância denominacional um nefasto orgulho, e se repete constantemente em muitas igrejas pelos rincões do Brasil. O assembleiano inebriado com a sua “beleza”, vivendo tal como Narciso um romance consigo mesmo, não se atem que imaculada concepção teológica e eclesiológica não existe e nunca haverá. Não somos os únicos que trilham os caminhos do Nazareno. É imprescindível que nos assenhoreemos que da pré-reforma temos o legado do Cânon bíblico, da reforma temos a um retorno a justificação pela fé, dos avivamentos a ênfase na santificação. Logo, mesmo que de maneira desconhecida por alguns, temos marcas indeléveis dos nossos predecessores, que seja elas boas, que seja ruins. Ao meu antigo professor quero concluir que sou católico quanto a universalidade do termo, protestante quanto à profissão de fé, Pentecostal porque creio na contemporâneidade dos dons, inclusive alguns que a bíblia não menciona. A crença nos ensinamentos do Cristo nos irmana. Como já dizia o grande teólogo de Hipona: “aquilo que nos une, é maior do que o que nos separa”. Paradoxo! Pode ser, mas estou aprendendo a conviver com eles.

Orando por vossas vidas;

Fanuel Santos

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